A infância e adolescência são períodos delicados e com muitas novidades acontecendo na vida de cada pessoa. Novas informações, descobertas de mundo e de si mesmo, responsabilidades cada vez maiores, aprendizado constante e hormônios que mudam o tempo todo e deixam todos super perdidos, não é mesmo?
Não é à toa que, principalmente na adolescência, crescer seja uma tarefa por vezes complicada e conturbada tanto para o jovem, quanto para as pessoas que estão ao seu redor. Porém, quando além de todas essas novidades esperadas, outras coisas vão acontecendo também na vida ou na mente desses jovens, tudo fica ainda mais difícil de lidar, já que ainda estão conhecendo a si mesmos e aprendendo como as coisas podem ser resolvidas.
Nesses momentos, quando tudo fica muito intenso, alguns jovens podem recorrer a um método nada saudável para reagir a situações que causam sofrimento: a autolesão!
A autolesão ocorre quando alguém se machuca intencionalmente, independentemente do método utilizado. Ela não é uma tentativa de chamar atenção, mas muitas vezes é um pedido de ajuda silencioso de alguém que pode não saber como lidar com um sofrimento emocional intenso.
Ela está ligada a sentimentos como tristeza, raiva, ansiedade, culpa, autopunição, sensação de vazio ou desamparo. Muitas das pessoas que apresentam comportamento auto lesivo buscam remover pensamentos ruins da mente, externalizar sentimentos dolorosos ou até mesmo provocar uma sensação diferente em meio a um episódio depressivo. No entanto, muitos sentimentos negativos também aparecem após o ato, como sensação de culpa e medo da reação de outras pessoas, principalmente quando falamos de crianças e adolescentes.
As formas mais comuns de autolesão são cortes, arranhões, queimaduras e pancadas, mas pode ocorrer também de muitas outras maneiras.
Por isso, lembramos que a autolesão NÃO é:
• “só para chamar a atenção”
• “frescura”
• “fase passageira”
• “apenas uma moda”
Sensação de sobrecarga emocional intensa
Dificuldade em expressar emoções ou em lidar com conflitos e situações que causaram sofrimento
Falta de suporte social e familiar, sensação de desamparo e negligência
Relação conflituosa com os pais/responsáveis ou mudanças frequentes das práticas parentais
Passar por situações de bullying, abuso e violência do tipo físico, psicológico, sexual, social, entre outros
Alta pressão acadêmica
Sentimento de culpa e/ou de ser uma decepção para os outros
Algumas outras coisas que podem piorar o quadro são: problemas de sono, usar internet/celular por muitas horas todos os dias e sedentarismo (não praticar atividades físicas), uso de substâncias psicoativas (álcool e outras drogas)
A autolesão pode também estar relacionada a algum transtorno mental, como Transtorno Depressivo e Ansioso, Reação Aguda ao Estresse, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), Transtornos Alimentares, Abuso de Substâncias Psicoativas e Fobia Social. Pode ainda estar relacionada a alterações biológicas do próprio cérebro.
Reconhecer os sinais pode ser o primeiro passo para oferecer ajuda.
Sinais físicos / visuais:
Cortes, arranhões, queimaduras ou machucados frequentes;
Feridas que demoram a cicatrizar;
Uso constante de roupas largas e/ou compridas, mesmo em dias quentes
Sinais comportamentais:
Isolamento social ao manter-se mais distante das pessoas, evitando contato físico e conversas;
Choro e tristeza excessivos;
Comportamento agressivo, irritabilidade;
Impulsividade, agitação, inquietação;
Mudanças de humor bruscas e dificuldade em equilibrar emoções;
Baixo limiar para frustrações, ou seja, situações desagradáveis levam a reações mais intensas;
Baixa autoestima, insegurança e medo;
Dificuldade em falar sobre o tema;
Frases relacionadas a sofrimento e exaustão mental.
Importante: mesmo sinais sutis merecem atenção. Perguntar com calma e empatia pode fazer muita diferença.
Não! No suicídio, a presença de episódios auto lesivos está relacionada à uma tentativa de dar fim à própria vida. Já a autolesão não suicida está associada ao alívio de sofrimentos psíquicos e de enfrentamento prejudicial de situações intensas.
Porém, pessoas que apresentam comportamentos auto lesivos possuem maior chance de apresentar pensamentos e atos suicidas a longo prazo. Ou seja, mais um motivo para buscar ajuda o quanto antes!
Então vem escutar esse episódio de Minutos Mentais sobre autolesão não suicida.
Para entender um pouco mais sobre os processos de mudança que podem ocorrer na infância e adolescência, principalmente relacionados a aspectos da saúde mental desses jovens, reserve um momento para assistir o vídeo a seguir:
Saúde Mental na Infância e Juventude - Na Ponta do Lápis
Holiste Psiquiatria
“A infância e a juventude são fases de muitas transformações na vida de um indivíduo, seja no aspecto físico ou psicológico. Nesse vídeo da websérie Saúde Mental na Ponta do Lápis, uma parceria entre a Autoridade Fitness e a Holiste, iremos falar sobre quais transtornos estão mais presentes nessa fase da vida, seus sintomas e tratamentos."